23 julho 2011

Ora eu, ora você



"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também. Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, eu não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar.
(Caio Fernando Abreu)
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E quantas situações há nas quais precisamos remar! Remar sem cessar, sem fatigar a vontade de estar sempre junto independente se em um avião a jato ou em um barco furado... Porque mesmo após afundar ainda poder-se-á nadar junto. E outro barco poderá surgir ao chegar da aurora! Então, um dia entrei neste barco, entramos. Remamos, permanecemos remando até hoje. Descobrimos que os furos nem são grandes, não são capazes de nos afundar. E continuaremos juntos, lado a lado, seguindo em frente, remando incansavelmente, enfrentando sol, chuva e tempestades juntos, sentindo o vapor suave do vento: juntos! Ambos segurando o barco nos braços às vezes. Ora eu, ora você...
(Jôze Paiva)


2 comentários:

  1. Pois é, estar junto é o que importa. Por que remar acompanhado é tão difícil? Rsrs!
    Olha, tem um selinho para você no meu blog. Passa lá.
    Bjs

    www.amoreacalanto.blogspot.com

    P.S. Adorei o novo template.

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  2. Que bom que gostou do novo visual do blog, achei que ficou bem parecido com o que sou agora, mudei até me sentir satisfeita.
    Obrigada pelo selinho!!!!!!!!!!!!

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    Difícil, mas necessário remar acompanhado. Bom para valorizarmos, pois se fosse fácil nem perceberíamos o ato de remar a favor da vida a dois.
    BjOoo

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