10 julho 2011

E nasce o poeta


O poeta parte no eterno renovamento.
Mas seu destino é fugir sempre ao homem que ele traz em si.
(Vinicius de Moraes)


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Fuga não vista, não lida em livros, mas sentida na profundeza da alma e na ausência de sua presença nas noites frias ou quentes. Nas noites é que um poeta se revela, sente, cria e deixa de existir humano para existir poeta. Nascem palavras infindáveis, crescem entrelinhas, floresce a imaginação. Morre a pessoa normal para renascer no próximo amanhecer. Ao escurecer, quando todos dormem, o sonho do poeta é real, é acordado, sentido na chuva que não molha, mas escorre pela sua mente embriagada de idéias. À noite, foge a pessoa crua do dia para que ao longe comecem a surgir nos trilhos da escuridão as faíscas emoldurantes de porta que é, riscos das cores que a imaginação pintar, clarão dos olhos iluminados por letras e entreletras. À noite há renovação do ser que foge do homem ou mulher que traz em si para ser poeta sem saber.

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